Cervejaria Nacional: folclore no copo e boa comida na mesa

Risoto de costelinha com limão cravo e cebola frita

Adoro cerveja. Poderia ter como meta de vida, tranquilamente, viajar por todos os países produtores provando cada rótulo existente e escrevendo um livro sobre. Por isso acho sensacional o brasileiro ter acordado para o universo das cervejas artesanais– e pelo fato de nosso mercado e oferta estarem crescendo.

Coxa de pato semi defumada

Mais um reflexo desse movimento é a abertura da Cervejaria Nacional, em Pinheiros, há cerca de dois meses. O empreendimento, que de fora parece um simples galpão, é uma fábrica-bar– a produção é feita no térreo (o belo maquinário fica à vista dos clientes), enquanto no primeiro e no segundo andar funcionam o bar e restaurante, respectivamente.

O mestre cervejeiro Luis Fabiani escolheu como tema o folclore popular para criar o nome dos cinco rótulos disponíveis: Y-îara Pilsen (yara é a deusa das águas), a Kurupira Brown Ale, a  Sa´si Stout (escura, com malte tostado), Mula IPA (mais lupulada) e a Domina Weiss (uma loira morta que volta para aterrorizar os marmanjos; na minha infância, seria a loira do banheiro, hahahaha). O chope (330 ml) custa em média  R$ 7; 500 ml, média de R$ 12.

Bolinho de mandioca com linguiça

No dia da minha visita a Kurupira estava em falta (erro grave), então provei todos os outros rótulos. Boa pilsen, Stout porrada, IPA com bom amargor. Mas minha preferida mesmo foi a Weiss— sabor acentuado de trigo, bela cor dourada-clara, espuma consistente. Para quem não gosta de cerveja, o bar serve vários drinques e destilados. Eu nem olhei direito a carta porque, afinal, seria o mesmo que ir a uma churrascaria e pedir tomate. O ambiente é escurinho e o som, para quem está na faixa dos trinta anos, como eu, um revival total: Prince, Man at Work, Erasure e diversas bandas e cantores dos anos 80.

Domina Weiss– de trigo, a minha preferida (tomei quatro copos…)

O cardápio, assinado pelo chef Alexandre Cymes, me surpreendeu pela variedade e pelo cuidado no preparo. Gostosos, bem fritos e sequinhos os bolinhos de mandioca com linguiça (R$ 6, 2 unidades ou R$ 17, 6 unidades). Deliciosa e MEGA apimentada a linguiça especial picante, acompanhada de pão e vinagrete (400 gramas, R$ 24 ou 150 gramas, R$ 12). Com excelente cozimento– a carne soltava do osso— a coxa de pato levemente defumada (R$ 14, 3 unidades); pena que o ausência de tempero tirou um pouco o brilho da entrada.

Fábrica-bar da Cervejaria Nacional: no térreo fica o maquinário, nos dois andares de cima, o bar e o restaurante

Na sessão de pratos, várias carnes na grelha e algumas sugestões compostas como rabada com agrião (R$ 34) e o criativo, e bem servido, Risoto de costelinha com limão cravo (R$ 32). A carne estava sensacional– saborosa, intensa– e o toque de limão cravo conferiu uma acidez interessantíssima. Mas seu uso excessivo quase mascarou o sabor da costelinha.

Porção da picantíssima– e boa!– linguiça artesanal

O único ponto completamente fora da curva foi a sobremesa: crumble de maçã com chocolate meio amargo e sorvete de Yara pilsen (R$ 11). Achei divertida a proposta do sorvete de cerveja que, com seu amargor, cortaria o tradicional doção do crumble. Mas ele estava águado e o crumble sem gosto de nada (até agora estou procurando o chocolate). Bom, começos são assim: coisas a ajustar sempre existem.

Crumble de maçã com chocolate meio amargo e sorvete de Pilsen

Cervejaria Nacional é um lugar bem amigo de quem curte ficar de papo, provar novos estilos e comer bem.

Cervejaria Nacional: Rua Pedroso de Morais, 604, Pinheiros, tel.: 4305-9368

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