Amici: onde a comida caseira é tratada como merece

Risotão de manga com rúcula

Gosto bem do que se convencionou chamar de alta gastronomia– restaurantes de autor, caros, repleto de técnicas perfeitas e ingredientes premium. Eles mostram do que a criatividade, a busca pelo novo e o talento podem fazer quando bem empregados. Mas não consigo, nem quero, comer neles todos os dias. Amo o sabor de infância de um bom arroz com feijão e farofa, a mordida crocante em um milanesa, o momento de furar a gema mole do ovo em cima do pão. Comida caseira, no melhor sentido do termo: bem temperada, feita com carinho, caprichada, farta. Confesso que adoro quando descubro um lugar em São Paulo com esse jeitão- e adoro quando vou algumas vezes a  um restaurante assim e ele não continua igual… ele melhora. Esse é o Amici.

Comandado pela queridíssima chef Renata Cruz, o Amici é a extensão da casa dela– fotos de família e amigos na parede, a mãe ajudando no salão, o irmão cobrindo o funcionário que precisou viajar. E a comida?  Bom, a comida é boa demais, daquela de encher o prato e deixá-lo, minutos depois, tão limpo que parece ter sido lavado.

Couve flor gratinada e escondidinho do bufê

Todos os dias, Renata prepara um bufê de qualidade memorável (R$19,90 de segunda à sexta e R$ 29,90 aos sábados): fartura e variedade de saladas frescas, vários tipo de carne preparadas na parrilla, arroz, feijão, escondidinho… O cardápio muda diariamente. Neste sábado, me servi de uma Salada fria deliciosa de orzo ao pesto com pedacinhos de abobrinha e cenoura e um montão de folhas. Depois, fui de couve-flor gratinada (perfeita, ligeiramente resistente ao dente), escondidinho de carne seca tão saboroso que poderia comer um balde, carne de porco e maminha (ambas com cozimento perfeito, sabor de parrilla (grelha sobre um colchão de brasas de madeira dura ou carvão), macias– nada parecido com nenhum bufê que fui até hoje).  E só parei porque queria comer algumas das sugestões do dia, um pequeno à la carte: meu olho é bem maior que a barriga.

“Combo” galeto: acompanhado por farofa, batata bolinha frita com alho e maionese

O que veio à mesa foi um Galeto (R$ 26) cheiroso, dourado, com carne suculenta  que soltava do osso apenas com o toque do garfo, aconpanhado de farofa caseira com bacon, batatas bolinha fritas com alecrim e alho (comi todos do pote) e maionese! Sim, maionese daquelas de avó, com batata e cenoura cortadinha, temperada com salsinha e um pouco de maionese. Me esbaldei! Ah, sim: tudo acompanhado de um gostoso risoto de rúcula e manga (R$ 29), com pedações da fruta, que combinavam loucamante bem com o salgadinho do frango.

Renata em sua cozinha

Para sobremesa, algo pelo qual caí de amores na hora, emitindo ruídos e gemidos não muito elegantes para um restaurante: Cheesecake de Nutella (R$ 7,80 o pedaço). E, olha, nem sou fã de nutella. Mas a massinha debaixo era fina e beeeem crocante, coberta por uma mistura levíssima (levíssima mesmo), e muito cremosa, coberta por uma mistura de creme de leite fresco e nutella. Nada exagerado nem doce em excesso. Pelo contrário: equilibrado, delicado. Putz.

Cheesecake de nutella: puts!!!!

Em dezembro, o Amici inaugurará o serviço de “pegue e leve”: os pratos e sobremesas servidos no dia estarão disponíveis para serem levados para casa.

Amici: Rua Amaro Guerra, 424, Chácara Santo Antônio, São Paulo, tel.: 5641.9110. Só abre para almoço

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