Sotero: comida baiana caprichadíssima

Os mais delicados e bem feitos acarajés de São Paulo

São Paulo é carente de boa comida baiana. As casas que a oferecem geralmente pesam a mão, transformando receitas poderosas em massarocas pesadonas, ou fazem pratos pra gringo ver, entupidos de dendê e coentro, todos com o mesmo gosto. Mas eis que, há três meses, o Sotero abriu as portas e o cenário mudou.

 

Casquinha de siri grandona, deliciosa e coberta por farofa no dendê

A casa de salão amplo, simples e colorido é comandada pelo chef baiano Rafael Sessenta. Na cozinha, também a sobrinha, Lai Galvão,  e o filho, Rafa Spencer. O amplo cardápio (de preços bem paulistanos) conta com boa variedade que engloba opções do litoral e interior, carnes e peixes. Entre as entradas, caldinho de sururu (R$ 7), a grande e deliciosa casquinha de siri coberta por uma farofa crocante ligeiramente puxada no dendê (R$ 10), a porção de mini abarás (R$ 10), o cuscuz maragojipano feito com farinha de mandioca, cebola roxa e cubos de carne de fumeiro (R$ 20) e o carro chefe da casa, a porção de mini acarajés (R$  10, 6 bolinhos).

Salão do Sotero: simples e agradável

Perfeitamente fritos no dendê, de massa leve feita com feijão olho de pombo, eles vem à mesa fechados, com os potinhos de vatapá e camarõezinhos à parte, para o próprio cliente rechear. Vira vício. Daí, se quiser mais, peça logo um de tamanho normal e seja feliz (R$ 7) . Para preparar essas maravilhas, o chef comprou de um inventor baiano uma máquina de fazer acarajé, que fica no andar de baixo da casa, com capacidade de produção de 5 mil bolinhos por dia– dá para você comprar e levar para casa, inclusive.

Arroz de Hauçá: arroz de coco com carne seca e camarões

Então, os principais. Primeira dica: ignore os pratos lights porque, sinceramente, você não foi lá para comer sobrecoxa de frango grelhada. Sugestão: o delicioso, encorpado, farto e saborosíssimo arroz de hauçá, feito no leite de coco e acompanhado por gordos camarões puxados no dendê e carne seca desfiada e levemente frita. Custa R$ 45 para uma pessoa e R$ 65 para duas, mas o de uma dá para duas, na boa. Fiquei de olho grande também no Bobó de camarão (R$ 50 para uma e R$ 70 para duas), no meu amado baião de dois (R$ 35 e R$ 55) e na Galinhada (R$ 30). Mas o que certamente vou provar na minha próxima visita é a moqueca de arraia (R$ 40 para uma, R$ 70 para duas), feita no dendê, com cebola, tomate, leite de coco caseiro e acompanhada de arroz, feijão de leite e farofa. E, sem dúvida, comer a manissoba.

Cuscuz maragojipano: com carne de fumeiro, farinha de mandioca, cebola e cheiro verde

Para sobremesa, queria uma das minhas prediletas, o pudim de tapioca (R$ 10), mas não tinha no dia. Então fui no melhor manjar de coco dos últimos tempos (R$ 10), cheio de fios crocantes de coco, calda leve de ameixa, sem excesso de açúcar. Uma maravilha.

Ótimo manjar branco

P.S.: minha primeira visita ao Sotero foi um desastre. O pior serviço que já vi num restaurante. Saí sem consegui comer os pratos principais. Na segunda, em compensação, correu tudo muitíssimo bem. Então, como não sei se eles estão com uma regularidade no serviço, vá com paciência. E prevenido.

Sotero: Rua Barão de Tatuí, 282, Santa Cecília, tel.: 3666-3066

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